domingo, 9 de dezembro de 2007

Canoas tem Polícia, mas e Política, tem?


O policiamento em Canoas serve mais para proteger as mercadorias do que as pessoas. Não se faz segurança do povo, se faz segurança para os bens, para as propriedades e para os objetos voltados para o lucro. Mesmo assim podemos dizer que de Política, Canoas tem menos ainda. Pois é uma política que atende aos interesses das mesmas minorias, das mesmas elites, que organizaram Canoas como ela é. Onde para lucro capitalista tudo funciona direitinho e para os habitantes locais a vida é um verdadeiro caos. A militância de esquerda e dos movimentos sociais sempre foi bem “guardada” pela segurança pública, enquanto a população padece sem segurança em meio à violência urbana.


Desde o fim da Ditadura e o início do período histórico da Redemocratização no Brasil o crescimento da organização de forças sociais e políticas progressistas aconteceu em Canoas também. A constituição da Frente Popular, liderada pelo PT, e da CUT, liderada principalmente pelo Sindicato dos Metalúrgicos, fizeram de Canoas um dos municípios do Rio Grande do Sul onde Lula e Olívio nunca perdiam nas eleições. Mas, devido à cultura da cidade ser dividida e fragmentada, quando as eleições eram de nível municipal, a direita governista sempre ganhou devido principalmente ao poder econômico maior influenciando localmente. Ou seja, a nível estadual e nacional Canoas alinhava-se politicamente á esquerda, mas a nível municipal voltava para a direita novamente. A esquerda deste município nunca conseguiu unificar a população em torno de seu projeto, tendo ele tendo sido sempre de caráter majoritariamente reformista e revolucionário em alguns pontos. A direita também nunca conseguiu construir uma cidade com a população integrada, devido ao projeto econômico que o capitalismo definiu para a região, ao contrário, sempre se utilizou e ampliou esta divisão da população canoense em benefício próprio.


A pobreza e a miséria da população canoense sempre foi utilizada de forma oportunista e corrupta. As ruas que a prefeitura asfaltava transferiam quase todos os seus votos para a reeleição do prefeito em questão ou para quem ele apoiava e indicava o voto. O assistencialismo sempre foi utilizado na política pragmática e clientelista do “toma lá, dá cá” com shows e festas beneficientes, cortes de cabelo gratuitos, etc, principalmente nos últimos anos na Administração “Solidária” dos Governos Ronchetti. O paternalismo corrupto cresceu em Canoas ao ponto de decidir eleições quando a direita venceu várias vezes a Frente Popular e a esquerda com votos conseguidos a partir da distribuição ilegal de cestas básicas nos bairros pobres de periferia nas vésperas da eleição. A Administração Solidária do PSDB demonstrou apoiar-se no capitalismo em todas as suas ações de governo, assim como corrupta, sendo denunciado publicamente o primeiro escalão do governo municipal por desvios de dinheiro público e racismo. De forma truculenta e violenta há muitos anos a direita de Canoas age com ameaças de agressões físicas e ameaças de morte para com militantes de esquerda, militantes sociais e populares que ousam dirigir-se à órgãos municipais para reclamar dos desmandes da prefeitura em seus sucessivos governos. Uma “polícia política” informal.


Mesmo assim o governo da Administração Solidária deu uma “cara” nova e moderna à gestão municipal, como Canoas nunca teve, com slogans e tudo! Isso a deu ânimo e a diferenciou das gestões anteriores da direita conservadora que levava a administração municipal “com a barriga”. E o “show” do assistencialismo cumpre de forma clientelista a relação corrompida com a alienação geral da população assim como a pobreza do povo canoense se relaciona de forma oportunista com o abuso do poder econômico criando um vasto campo propício á continuidade do paternalismo político em nossa cidade nas próximas eleições municipais.

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